quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

ESTUDANTES POLÊMICOS

                                                                                       Suamy Vivecananda ¹
 

Os educadores brasileiros, tanto da Educação Básica e até na Educação Superior, dividem espaços, nas salas de aula da vida, com indivíduos matriculados que muitas vezes surpreendem positiva ou negativamente os docentes, que são obrigados a promover diferenças que a lei diretamente não permite contudo termina tendo que aceitar como incoercível.

Nas décadas de 70 e 80 do século XX, os educadores criaram alguns termos para tachar os alunos inteligentes tais como: sabido, inteligente, CDF, expoente, superdotado e até recentemente o americanizado termo ‘nerds’. No mesmo período como antônimo disto, ou seja os considerados não inteligentes ou desprovidos de facilidade para aprendizagem foram tratados como: rudes, toscos, rústicos, difíceis, burros, asnos, cabeçudos entre tantos outros.

O tempo passou e após a CF de 1988, entramos na década de 90 do mesmo século, com propostas de mudança, com avanço de direitos, com a proibição da rigidez nas salas de aula, veio o Estatuto da Criança e do Adolescente, combatendo todas as formas de constrangimento e trazendo à tona diversos direitos que, contudo não apresentavam-se como reais instrumentos de mudança na organização operacional da Educação Brasileira, tampouco a LDBEN conseguiu fazer com os que tinham dificuldades de aprendizagem passassem a aprender.

Passado um tempo observamos que os educadores talvez pela necessidade de acompanhar a Reforma Ortográfica, ou reajustar a nomenclatura ou atender os Direitos Cidadãos hoje tão propalados no Brasil, em um momento que os governos de esquerda ensejam uma sociedade composta por cidadãos críticos ou polêmicos (polêmico é o termo mais buscado por tratar-se de embutir supostamente politização adicionada à consciência crítica) e, que a escola é o local da suposta preparação destes, a partir daí arrumaram outros rótulos para adjetivar os matriculados a saber:

1 – Estudante Polêmico (crítico + polemico): esse é aquele que a CF afirma, que a escola brasileira deve preparar, esse é o querido dos professores pois não dá trabalho, compreende as coisas com muita facilidade, aprende fácil, possui criticidade e objetivos bem definidos, ajuda o professor na sala de aula com intervenções críticas interessantes, a família do mesmo o ajuda com materiais e com todo o tipo de ajuda que precisa, seus questionamentos na sala de aula sempre procedem, ele sabe colocar-se nos temas abordados, possui facilidades em no mínimo três áreas do conhecimento, as outras em consequência ele consegue sair-se devido ao conhecimento que possui nas demais, geralmente é um expert em informática, assiste jornais e programas televisivos onde se discute economia, política e desenvolvimento social, lê  espontaneamente livros indicados por professores, tem uma vida regrada, no terceiro bimestre já está aprovado, sua passagem pela escola é apenas por legalidade ou rito formal, pois o mesmo em muitos casos sair-se-ia bem na vida sem frequentar escolas, já nasce abençoado por Deus, com inteligência, esse todos admiram, é o queridinho dos educadores e sempre deixa saudades, futuramente os educadores o encontrarão ocupando grandes postos em profissões valorizadas economicamente, serão agentes de mudanças sociais. Durante sua estadia na escola geralmente esse tipo de estudante é aprovado com médias entre 8,0 e 10,0. Este cidadão é o pensado pela lei e, evoluído pela existência.

2 – Aluno imbecilêmico (Imbecil + polêmico): Esse quer ser polêmico, só que sua polêmica é entendida pelos professores como confusão, questiona constantemente em sala, mas possui dificuldades para processar ideias concatenadas, quando está na frente da televisão é para assistir novelas, é quase sempre colega do polêmico e por este é ajudado nos trabalhos, geralmente recebe notas entre 4,0 e 7,0 e, quase sempre é aprovado, as vezes até recebe um empurrãozinho dos professores quando fica abaixo da média em alguns componentes curriculares e quase sempre fica indignado por achar-se injustiçado afirmando que também merecia nota 10,0  pois fez tudo igual ao polêmico. O que ele não sabe é que educadores não avaliam apenas os resultados de “provas” e sim o todo do estudante, pois se avaliassem apenas por meio de provas o imbecilêmico não mudaria de série nunca. Pelo esforço dispendido, esse é cidadão pela lei e luta para continuar existindo e, ocupará lugar secundário na vida social.

3 – Aluno idiotêmico (idiota + polêmico): Esse escreve gato com “j” e sal com “ç”, conversa o tempo todo banalidades, promove contendas constantemente, só atrapalha na sala de aula, está sempre errado, consegue o impossível ao “dar 99 foras e uma na beirada e não consegue acertar uma dentro”,  usa a mentira como arma, suas desculpas não convencem nem mesmo ele, seus argumentos são desprovidos de lógica, posto que são oriundos do senso chulo, quase sempre agridem educadores, na internet participa religiosamente de redes sociais no estilo face e Orkut(as redes sociais que aceitam a prática das baixarias), recebe notas geralmente entre 2,0 e 4,0. Culpa os docentes pelo seu fracasso escolar, não argumenta nada com professores, porque sabe que não esboçou nenhum esforço para mudar sua realidade, não cumpre suas obrigações de sala de aula, geralmente convence seus responsáveis, gestores escolares e órgãos de defesa de direitos civis de que houve por parte dos professores retaliação, é uma espécie de “homo sapiens” diferente, pois “sabe que não sabe”. Esse é cidadão apenas para a lei.

4 – Aluno imbeciota (imbecil + idiota): Esse não sabe porque existe, tem todos os adjetivos de difícil correção, está matriculado porque a lei obriga, vê na escola um espaço para apenas passar horas, é conhecido como turista, entrega avaliações sem responder(quando faz), inventa brigas no espaço escolar, ameaça os outros, apoia atos de violência, dá cordas nos outros para que matem  as aulas e que entrem em confrontos com a gestão escolar, na televisão gosta de assistir programas que apresentam ações de policiais em combate ao crime (estilo pinga sangue), mente afirmando que entregou trabalhos e que o professor os perdeu, apoia a existências de movimentos escolares para impedir o funcionamento das aulas, exige direitos e nunca cumpre os deveres, tem aversão à professores que possuem retórica voltada à moral, enfim encontra-se no estágio de australopithecus (não evoluiu para o gênero homo). Suas notas giram em torno de 0,0 e 2,0, e mesmo assim possui direito de continuar sendo matriculado, todos os janeiros, de preferência em salas de alunos, que ele possa atrapalhar e comprometer seus futuros.  Esse a lei briga para que ele seja cidadão mas, a existência dele não permite.

                Bom, essa foi a saída encontrada pelos educadores brasileiros, para continuar sobrevivendo ao confronto que é entrar em uma sala de aula heterogênea, composta por pessoas de diferentes situações de aprendizagem e, que o estado brasileiro indica que devem receber o mesmo tratamento. Contudo recentemente fomos abordados por um indivíduo fantasiado de aluno do Ensino Médio que questionou: - ‘u sinhô é prufessôr’, - respondi orgulhosamente ‘sim, em que posso ajudá-lo?’  - ‘qual o significado da palavra MEDIÓCRE?’ – Por alguns minutos, processei o que poderia responder e infelizmente descobri que: "eu é que era pequeno diante do problema e, não tinha nada a declarar” e lhe indiquei que procurasse um professor de língua portuguesa. É o próprio fim.
 
   ¹ Suamy Vivecananda - É Prof. LP História/PVH.

 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A ESCOLA QUE OFERTA A EDUCAÇÃO DOS SONHOS


                                                                   Suamy Vivecananda1 
                                                                                                                                                                                                                                       
          Aquela onde estudantes conscientes de que necessitam estudar para vencer na vida deslocam-se sozinhos para a sala de aula sem que ninguém precise pressioná-los. Aquela onde os professores dirigem-se à sala de aula automaticamente na hora que o sinal toca, preenchem o diário perfeitamente, seguem a ementa curricular e nem precisam de supervisão, também não fazem greve porque são apaixonados pela educação, sacerdotes compromissados com a causa. Não existem alunos pelos corredores e nem se pensa em evasão escolar como buscam os Conselhos Tutelares. Evasão Interna é zero e a retenção é abaixo de 15% como deseja o MEC para justificar os recursos recebidos junto a UNESCO. Pois bem, essa escola não existe, e ela passou a ser vislumbrada apenas por pessoas que desconhecem a realidade da educação no Brasil, despreparados para sequer entender que a situação das escolas principalmente as públicas não dependem de seus gestores, nem de seus mantenedores sejam municipais ou estaduais e sim da necessidade de uma revisão urgente na legislação civil brasileira. Como pensar escola produtiva nos dias atuais com a existência dos valores legais que não correspondem a valores morais? Como continuar lutando com forças externas à escola como órgãos de justiça e empresas que repassam suas obrigações para os gestores escolares? Como fazer, pais entenderem que a escola é uma instituição formal e não um clube de passeio, espaço para namoro de seus filhos ou o depósito onde se deixam seres humanos para passar o dia ? Como conscientizar as familias que PROFESSOR é um título e que não se trata de babá de filho de ninguém? Como conversar com pais que querem filhos aprovados a qualquer custo não importando se os mesmos possuem os conhecimentos necessários à aprovação ou não? Se o estudante passa no vestibular é “superdotado”. Se não passa é “coitado”, e a causa do fracasso é o fato de ter estudado em “escola pública”. E ainda tem pais dizendo:”quero matricular meu filho numa escola boa”. Essa escola existe?

         Ainda hoje, grande número de pessoas não vêm na escola um espaço capaz de ajudá-los a absorver os conhecimentos necessários a suas sobrevivências e, ainda tem “imbeciotas” (fusão de imbecil + idiota) que afirmam estar atrás de certificados, como se o certificado respondesse uma prova de concurso público ou teste de competencia para entrada em alguma grande empresa.  Somente o pseudo-professor não compreende que essa criança ou jovem que agora está a sua frente futuramente poderá ser seu médico, advogado ou até mesmo o facínora que vai assaltá-lo. A maioria dos políticos que hoje exercem mandatos foram “educados” por alguns professores que talvez não tenham levado seu trabalho a sério, quiçá seja  essa a causa da situação chegar onde chegou. Enquanto a Lei de Gerson imperar neste país estaremos fadados a continuar convivendo com Escolas Públicas improdutivas  onde, o aluno brinca de aprender (quer apenas passar de ano para satisfazer aos pais), os professores brincam de dar aulas, supervisores  querem controlar a qualidade das aulas através dos diários de classe ora, isso é fracasso puro pois, quando um professor quer, encapa os diários com bordados e rosas, entra  na sala de aula, preenche tudo como manda o figurino e vai jogar baralho com os alunos, e os bobos ainda afirmam, “- o tio fulano é legal, ele nem aperta a gente”. Qualquer idiota sabe que os alunos não aprendem nada com “professor bonzinho”, só aprendem com os estigmatizados como “ruins”, que fazem cobrança das obrigações com estudo ou tarefas propostas, enfim aqueles que apertam o parafuso até cuspir a rosca. Para que possamos sonhar com uma escola que produza, é necessário uma transformação na forma como se pensa e se faz  educação.

         As escolas já estão sobrecarregadas com suas obrigações legais, não suportam mais receber pressões externas de órgãos que inclusive nada tem a ver com o seu funcionamento.  Nos dias atuais, instituições criam projetos piratas e querem implantar nas escolas, afirmando tratar-se de interesse social, na realidade não possuem a formula nem para suas instituições, é a descoberta da América, o que incomoda é ser 520 anos após Colombo. Primeiro precisamos mudar enquanto sociedade se não quisermos ser vitimados pelo processo. Porém, tudo isso inicia na escola e por enquanto estamos longe de alcançar o modelo sonhado!   AMÉM.


1  Suamy  V. Lacerda de Abreu - Professor de História