Os educadores brasileiros,
tanto da Educação Básica e até na Educação Superior, dividem espaços, nas salas
de aula da vida, com indivíduos matriculados que muitas vezes surpreendem
positiva ou negativamente os docentes, que são obrigados a promover diferenças
que a lei diretamente não permite contudo termina tendo que aceitar como
incoercível.
Nas décadas de
70 e 80 do século XX, os educadores criaram alguns termos para tachar os alunos
inteligentes tais como: sabido, inteligente, CDF, expoente, superdotado e até
recentemente o americanizado termo ‘nerds’. No mesmo período como antônimo disto,
ou seja os considerados não inteligentes ou desprovidos de facilidade para
aprendizagem foram tratados como: rudes, toscos, rústicos, difíceis, burros, asnos,
cabeçudos entre tantos outros.
O tempo passou
e após a CF de 1988, entramos na década de 90 do mesmo século, com propostas de
mudança, com avanço de direitos, com a proibição da rigidez nas salas de aula,
veio o Estatuto da Criança e do Adolescente, combatendo todas as formas de
constrangimento e trazendo à tona diversos direitos que, contudo não
apresentavam-se como reais instrumentos de mudança na organização operacional da
Educação Brasileira, tampouco a LDBEN conseguiu fazer com os que tinham
dificuldades de aprendizagem passassem a aprender.
Passado um
tempo observamos que os educadores talvez pela necessidade de acompanhar a
Reforma Ortográfica, ou reajustar a nomenclatura ou atender os Direitos
Cidadãos hoje tão propalados no Brasil, em um momento que os governos de
esquerda ensejam uma sociedade composta por cidadãos críticos ou polêmicos (polêmico é o termo mais buscado por
tratar-se de embutir supostamente politização adicionada à consciência crítica)
e, que a escola é o local da suposta preparação destes, a partir daí arrumaram
outros rótulos para adjetivar os matriculados a saber:
1 – Estudante Polêmico (crítico + polemico): esse é aquele que a CF afirma, que a escola brasileira deve
preparar, esse é o querido dos professores pois não dá trabalho, compreende as
coisas com muita facilidade, aprende fácil, possui criticidade e objetivos bem
definidos, ajuda o professor na sala de aula com intervenções críticas
interessantes, a família do mesmo o ajuda com materiais e com todo o tipo de
ajuda que precisa, seus questionamentos na sala de aula sempre procedem, ele
sabe colocar-se nos temas abordados, possui facilidades em no mínimo três áreas
do conhecimento, as outras em consequência ele consegue sair-se devido ao
conhecimento que possui nas demais, geralmente é um expert em informática,
assiste jornais e programas televisivos onde se discute economia, política e
desenvolvimento social, lê espontaneamente
livros indicados por professores, tem uma vida regrada, no terceiro bimestre já
está aprovado, sua passagem pela escola é apenas por legalidade ou rito formal,
pois o mesmo em muitos casos sair-se-ia bem na vida sem frequentar escolas, já
nasce abençoado por Deus, com inteligência, esse todos admiram, é o queridinho
dos educadores e sempre deixa saudades, futuramente os educadores o encontrarão
ocupando grandes postos em profissões valorizadas economicamente, serão agentes
de mudanças sociais. Durante sua estadia na escola geralmente esse tipo de
estudante é aprovado com médias entre 8,0 e 10,0. Este cidadão é o pensado pela
lei e, evoluído pela existência.
2 – Aluno imbecilêmico (Imbecil + polêmico): Esse quer ser
polêmico, só que sua polêmica é entendida pelos professores como confusão, questiona
constantemente em sala, mas possui dificuldades para processar ideias concatenadas,
quando está na frente da televisão é para assistir novelas, é quase sempre
colega do polêmico e por este é ajudado nos trabalhos, geralmente recebe notas
entre 4,0 e 7,0 e, quase sempre é aprovado, as vezes até recebe um
empurrãozinho dos professores quando fica abaixo da média em alguns componentes
curriculares e quase sempre fica indignado por achar-se injustiçado afirmando
que também merecia nota 10,0 pois fez
tudo igual ao polêmico. O que ele não sabe é que educadores não avaliam apenas
os resultados de “provas” e sim o todo do estudante, pois se avaliassem apenas por
meio de provas o imbecilêmico não mudaria de série nunca. Pelo esforço dispendido,
esse é cidadão pela lei e luta para continuar existindo e, ocupará lugar
secundário na vida social.
3 – Aluno idiotêmico (idiota + polêmico): Esse escreve gato com “j”
e sal com “ç”, conversa o tempo todo banalidades, promove contendas
constantemente, só atrapalha na sala de aula, está sempre errado, consegue o
impossível ao “dar 99 foras e uma na beirada e não consegue acertar uma
dentro”, usa a mentira como arma, suas
desculpas não convencem nem mesmo ele, seus argumentos são desprovidos de
lógica, posto que são oriundos do senso chulo, quase sempre agridem educadores,
na internet participa religiosamente de redes sociais no estilo face e Orkut(as
redes sociais que aceitam a prática das baixarias), recebe notas geralmente
entre 2,0 e 4,0. Culpa os docentes pelo seu fracasso escolar, não argumenta
nada com professores, porque sabe que não esboçou nenhum esforço para mudar sua
realidade, não cumpre suas obrigações de sala de aula, geralmente convence seus
responsáveis, gestores escolares e órgãos de defesa de direitos civis de que
houve por parte dos professores retaliação, é uma espécie de “homo sapiens” diferente, pois “sabe que não sabe”. Esse é cidadão apenas
para a lei.
4 – Aluno imbeciota (imbecil + idiota): Esse não sabe porque
existe, tem todos os adjetivos de difícil correção, está matriculado porque a
lei obriga, vê na escola um espaço para apenas passar horas, é conhecido como
turista, entrega avaliações sem responder(quando faz), inventa brigas no espaço
escolar, ameaça os outros, apoia atos de violência, dá cordas nos outros para
que matem as aulas e que entrem em
confrontos com a gestão escolar, na televisão gosta de assistir programas que
apresentam ações de policiais em combate ao crime (estilo pinga sangue), mente
afirmando que entregou trabalhos e que o professor os perdeu, apoia a
existências de movimentos escolares para impedir o funcionamento das aulas,
exige direitos e nunca cumpre os deveres, tem aversão à professores que possuem
retórica voltada à moral, enfim encontra-se no estágio de australopithecus (não evoluiu para o gênero homo). Suas notas giram em torno de 0,0 e 2,0, e mesmo assim possui
direito de continuar sendo matriculado, todos os janeiros, de preferência em
salas de alunos, que ele possa atrapalhar e comprometer seus futuros. Esse a lei briga para que ele seja cidadão
mas, a existência dele não permite.
Bom,
essa foi a saída encontrada pelos educadores brasileiros, para continuar
sobrevivendo ao confronto que é entrar em uma sala de aula heterogênea, composta
por pessoas de diferentes situações de aprendizagem e, que o estado brasileiro indica
que devem receber o mesmo tratamento. Contudo recentemente fomos abordados por
um indivíduo fantasiado de aluno do Ensino Médio que questionou: - ‘u sinhô é prufessôr’, - respondi
orgulhosamente ‘sim, em que posso ajudá-lo?’ - ‘qual
o significado da palavra MEDIÓCRE?’ – Por alguns minutos, processei
o que poderia responder e infelizmente descobri que: "eu é que era pequeno diante do problema e, não tinha nada a declarar”
e lhe indiquei que procurasse um professor de língua portuguesa. É o próprio
fim.